segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Resumo do Livro



No meio da noite escura tem um pé de maravilha
Ricardo Azevedo
Dez contos de encantamento recolhidos do emaranhado folclore brasileiro e recontados com o talento de um especialista em folclore e literatura infantil. Ilustrações inspiradas na linguagem gráfica dos livretos de cordel.
1. Possibilidades Pedagógicas
- A percepção e o conhecimento de aspectos da cultura brasileira pelo prazer que as histórias cheias de intrigas e reviravoltas despertam. O imaginário do povo brasileiro concretizado pelas histórias atua na criança como conhecimento sócio-afetivo.
- Os recursos de linguagem usados por Ricardo Azevedo, autor tanto do texto verbal quanto do texto visual (ilustração), mostram o quanto da tradição e da criação existe no processo da produção de texto. Atentar para as marcas de oralidade no texto verbal e nos detalhes parecidos com os da xilogravura no texto visual é um exercício de análise e de apropriação de recursos de linguagem.
- Encontrar dentro da escura noite um pé de maravilha, segundo a enciclopédia "planta vivaz ornamental, cujas raízes possuem ação purgativa, e que foi utilizada pelo biólogo Mendel no estudo das leis da hereditariedade", pode ser um exercício de sobrevivência para os que precisam purgar conflitos (de valores, de atitudes, de procedimentos) tão comuns na sociedade atual. É o efeito terapêutico dos contos que "falam sobre coisas da vida" (p. 84) e terminam com a quadra popular: "Quem canta seu mal espanta / Quem chora não se contenta / Quem conta história se encanta / Quem não conta se arrebenta" (p. 117).

2. Abordagens Interdisciplinares
Língua Portuguesa- A estrutura narrativa dos contos maravilhosos: repetição da mesma seqüência de ações por, pelo menos, três vezes (primeira, segunda e terceira tentativas do herói para vencer o desafio). Conferir as semelhanças entre Moço bonito imundo e o conto de fada A bela e a fera, entre o mito da caixa de Pandora e A mulher dourada e o menino careca, entre o episódio bíblico de Sodoma e Gomorra e o episódio da história narrada em O príncipe encantado no reino da solidão (p. 36 e 37), entre o artifício de sobrevivência de Sherazade e o recurso da personagem papagaio em As três noites do papagaio.- A temática dos contos maravilhosos: a viagem feita pelo herói para cumprir o destino, alcançar o ideal ou dar conta de uma tarefa-desafio. A vitória só é alcançada porque ele vence todos os obstáculos e conta, muitas vezes, com a ajuda mágica ou especial.- O tipo de narrativa em prosa e em verso (o cordel no conto Melancia e Coco Verde).- A quadra como estribilho final que desafia a produção de texto em continuidade na tradição oral das narrativas: "Minha gente eu vou-me embora / É hora de terminar / Vamos ver quem tem agora / Outra história pra contar!" (p. 89).- O jogo de palavras e os efeitos de sentido: "sem rota nem rumo", p. 7; "o ar envenenado de mistério, medo, maldade", p. 9; "Andou e desandou por caminhos e descaminhos. (...) Atravessou e desatravessou florestas escuras...", p. 7; "fundo profundo da terra", p. 18; cantos e recantos de sua imaginação, p. 99; Diabo / Tinhoso / Coisa-Ruim / Satanás / Cão / Satã / Arrenegado / Não-Sei-O Que-Diga / Pé-de-Bode / o Maligno / Lúcifer / O Beiçudo / Demônio (conto: Moço bonito imundo).- O resumo na narrativa como seqüência dos fatos principais: há em todos os contos longos um trecho em que o enredo é resumido (cf. 1º parágrafo, p. 89).
Artes- Música: a moda de viola e a narrativa musicada (p. 45 a 50).- Arte popular oral: a literatura de cordel.- Artes Visuais: - a xilogravura; - a ilustração com características da xilogravura: linhas definidas e cores definidas e delimitadas; - notar na ilustração: o formato de quadro (moldura), a seqüência narrativa (o cavaleiro da capa é o mesmo da p. 105), a presença de elementos que se repetem nas muitas ilustrações e que estão agrupados nas páginas 1 e 120.

3. Temas Transversais
Ética - Como é comum nos contos maravilhosos, nestes também há uma manifestação muito forte do maniqueísmo: o Bem sempre vence o Mal. Como os contos falam sobre coisas da vida, é impossível deixar de se refletir sobre valores, atitudes e procedimentos das personagens e de nós mesmos como personagens sociais, porque "o destino vira e mexe surpreende" (p. 19). "Mas o destino é um caminho que ninguém espera" (p. 56).
Pluralidade Cultural – Os contos estimulam a aceitação dos diferentes, mesmo que eles estejam cobertos de peles de animais mortos, repelentes. Os heróis sempre conseguem superar a resistência preconceituosa.

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